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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Um milênio da transição ou da destruição?



Entre 1500 a 1200 a.C., Zoroastro, na Pérsia, propôs um novo paradigma de que o final dos tempos traria um novo mundo, de paz e felicidade. Por sua vez, os povos semitas também tinham essa visão (que inspirou seus diversos "apocalipses"), sobretudo os grupos essênios. 

Posteriormente, entre os primeiros cristãos, o milenarismo difundiu-se pela Ásia Menor e no Egito a partir do século III. Com base nas palavras do livro do Apocalipse de João de Patmos (Apocalipse 20:3–4), os seus adeptos acreditavam que, após o tempo de Satanás, o reino do Messias duraria mil anos na Terra. Tal crença, originada no messianismo judaico, supunha que, após esse período, o demônio retornaria para ser morto para sempre, quando se instauraria definitivamente o reino celeste.

Embora uma análise científica não deva ser baseada em convicções religiosas, sabemos que as crenças podem refletir percepções inconscientes acerca da realidade na qual estamos inseridos ou resultarem de estudos feitos pelo próprio homem já que a lógica jamais admitiria supostas revelações celestiais como explicações. Por isso, o que podemos considerar é que a ideia de uma "era milenial" significaria um período de transição para uma sociedade melhor, na expectativa de realização dos ideais principiológicos das velhas utopias.

Pois bem. Sendo um adulto nascido em abril de 1976, recordo dos últimos anos do segundo milênio da era comum quando, durante a pacífica década de 90, as mentes otimistas esperavam que o século XXI seria uma era de paz e de progresso universal. Porém, para a surpresa de muitos, no décimo primeiro dia do nono mês do primeiro ano, assistimos as cenas de um dos mais terríveis ataques terroristas da história. E, em pouco mais de 20 anos, estamos agora diante de uma guerra de ataque promovida pela Rússia contra um país irmão que está completando em ano agora em fevereiro.

Além disso, eleitores americanos e brasileiros, nas duas maiores democracias do mundo, levaram ao poder, por quatro anos, seres de mentalidade medieval como Trump e Bolsonaro. E, até hoje, os líderes planetários não conseguiram tomar as medidas adequadas e eficientes contra o gravíssimo problema do aquecimento global.

Por certo, a transição não se faz em linha reta. Há idas e vindas, com avanços e recuos num movimento dialético. E, após uma conquista, devemos estar preparados para eventuais retrocessos que, uma vez superados, permitirão que o progresso seja novamente retomado.

Tenho pra mim que o tão desejado reino milenial de Cristo não vá ocorrer literalmente como descreviam os antigos cristãos perseguidos por Roma e aí creio ser inútil a discussão sobre as teorias escatológicas sobre as quais os teólogos tanto debatem sem chegarem a uma conclusão. Contudo, quero esperançar que, até 2100 ou antes, sejamos capazes de frear a nossa ganância, o individualismo e a intolerância para nos tornarmos seres mais solidários.

A imagem acima, que dá a ideia sobre o homem alcançar o Reino de Deus atravessando as paredes de um grande templo, pode ser sedutora. Contudo, será o nosso esforço pela construção de um mundo melhor, experimentado nas contradições do cotidiano, que nos levará a essa evolução. Do contrário, estaremos a alimentar ideias mágicas que, simplesmente, dispensariam o aprendizado da consciência, como se bastasse Jesus voltar de maneira literal ou sermos revestidos de um novo corpo após a morte para a vida fluir com a harmonia perene do Jardim do Éden.

Enfim, para toda a humanidade, seja cristã ou não, segue o desafio desse nosso século XXI que já se aproxima do seu primeiro quartel, bem como do longo terceiro milênio de dezenas de gerações se sucedendo ao longo da história com novas tecnologias, prováveis viagens espaciais para distâncias cada vez maiores, novas descobertas científicas e mais qualidade de vida. Ou então, nós ou nossos filhos verão o fim da própria espécie e da vida no planeta.

Apesar de eventos naturais já terem causado muitas extinções em massa, não há previsão de queda de outro grande meteoro ou de uma atividade vulcânica capazes de destruir o mundo. Porém, basta o Biden ou o Putin apertar o botão vermelho que, em menos de uma hora, o mundo inteiro pegaria fogo com as explosões de diversas bombas termonucleares.

Em nossas mãos, o futuro...

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