Poucos sabem, mas essa construção acima foi parte da estrutura do local onde supõe ter sido o primeiro pedágio rodoviário do país e que pode ser visitada hoje de graça por quem se interessar. Senão, vejam o texto a seguir transcrito:
"A economia de Mangaratiba, no século XIX, estava totalmente direcionada ao porto e para a Estrada Imperial. Com 90% da produção agrícola da região escravista do Vale do Paraíba (café, açúcar, mandioca, banana e feijão) direcionada para o exterior e para alimentar a corte na capital do país, a estrada apresentava um movimento diário estimado em 70 caleças do comércio de café, além da circulação de bens de consumo de luxo das grandes fazendas (móveis, porcelanas, tecidos).
Deu-se então a primeira "privatização" de estradas da história do Brasil, através da Companhia Industrial da Estrada de Mangaratiba, com direito a pedágio sobre as carruagens, tropas e carroças que por ela transitassem, cujos sócios eram a família do Comendador Breves, com 400 ações; a família Barroso de Morais, com 650 ações, o desembargador Joaquim José Pacheco, juntamente com o Conselheiro Antonio Barbosa, o Tesouro Fluminense, com 1.500 ações e do Barão de Mauá.
Este pedágio era cobrado em uma barreira (espécie de barreira alfandegária), com uma severa tabela de preço por produtos e por muares. Em frente à barreira, foi construído um belíssimo bebedouro para matar a sede dos viajantes tropeiros e dos animais de carga. Segundo a história oral, Dom Pedro II deu água para seu cavalo neste bebedouro na inauguração dessa estrada em 1857."
Mais de um século e meio depois, a estrada que ligava Mangaratiba à antiga cidade de São João Marcos, atualmente a RJ-149, possui esse e outros atrativos que, na certa, contribuiriam para alavancar o turismo ainda pouco explorado na região. Isto porque, no roteiro, encontramos as ruínas do antigo povoado do Saco, o Mirante Imperial, parte da antiga Estrada do Atalho, a Cachoeira dos Escravos, a Fazenda da Lapa, que foi reaberta para visitação em 2022, e o Parque Arqueológico de São João Marcos, já no município vizinho de Rio Claro, além da exuberante natureza do Parque Estadual do Cunhambebe com sua Mata Atlântica preservada, da comunidade quilombola das fazendas de Santa Izabel e de Santa Justina, do caminho para Rubião com uma trilha ao final da estradinha de chão até Muriqui, e da convivência social na localidade serrana de Bela Vista, situada no território de Mangaratiba.
Desse modo, considero fundamental que parte da RJ-149, envolvendo partes de Mangaratiba e de Rio Claro, seja transformada numa Estrada-parque, conforme é previsto na legislação estadual, o que certamente será um importante ativo turístico contribuindo para preservar essa rodovia histórica.
Que tal fazermos essa ideia chegar ao conhecimento das nossas autoridades?!
Ótimo final de semana para todas e todos!
OBS: Imagem e citação extraídos de http://www.arqueologia-iab.com.br/news/view/266?fbclid=IwAR1OQhAE-5-lVxQx1qxD5RJlN9CdJfgE1-RHZ-MJXEHuobSURSt2STBDAac
Pessoal, apenas modifiquei o título acrescentando que se trata do possível primeiro pedágio rodoviário pois cerca de quase três antes já teria havido um pedágio numa ponte sobre o rio Carioca, mas que não era ainda numa rodovia:
ResponderExcluirhttps://history.uol.com.br/historia-geral/ponte-onde-nasceu-o-pedagio-no-brasil
Digo, quase três séculos
ResponderExcluirParabéns pelo interessante artigo!
ResponderExcluirObrigado pela leitura e comentário
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