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domingo, 27 de julho de 2025

São essas as nossas armas!



Quase vinte anos depois, a camisa que usamos num retiro eclesiástico em Nova Friburgo, na primeira década do século XXI, chegou aos seus últimos dias de uso já desbotada e rasgada. 


Imitando um uniforme de treinamento militar na selva, havia as seguintes palavras estampadas juntamente com a figura de um soldado: "GUERREIROS DE CRISTO ARMADOS PARA AMAR". Certamente é algo que geraria divisão nos dias de hoje com as igrejas contaminadas pelo bolsonarismo mas, na época, ninguém naquele evento pensava literalmente nas armas humanas, exceto como metáforas dos recursos espirituais dos quais o apóstolo Paulo teria escrito em sua epístola aos cristãos da cidade de Éfeso:


"Finalmente, sejam fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Vistam‑se de toda a armadura de Deus para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo, pois a nossa luta não é contra sangue e carne, mas contra os poderes e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas e contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Por isso, vistam‑se de toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis depois de terem feito tudo. Assim, permaneçam firmes, cingindo‑se com o cinto da verdade, vestindo‑se com a couraça da justiça e tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz. Além disso, usem o escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica. Tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos." (Ef 6:10-18; NVI)


Curioso como valores como a verdade, a justiça, as boas novas da paz, a fé, a salvação, a mensagem divinamente inspirada e as orações se tornam armamentos num campo de batalha que não é como uma guerra entre tropas, milícias ou facções, porém numa disputa que ultrapassa até os limites da ideologia. Ou seja, é a luta por um ambiente regido pelos princípios superiores da vida, metaforicamente os valores do Reino dos Céus, ou de Deus.


Apesar de muitos verem a Igreja como instituição conservadora, não creio ter sido este o desejo de Jesus que em momento algum tentou manter o sistema de injustiças de sua época que se perpetua até hoje com novas faces. E o Mestre propôs transformar o ser humano de dentro para fora, trabalhando a ética e não a moral social, de maneira que a justiça seria alcançada não pela observância literal da Lei e sim pelo exercício do amor ao próximo.


Hoje em dia, como já dito, temeria pelo uso de uma estampa dessas num evento religioso para que alguns irmãos na fé não deturpassem a mensagem como se Jesus fosse apoiador do armamento defendido pelos bolsonaristas. Contudo, o texto bíblico é excelente para curar a Igreja nesses dias de cegueira espiritual e nos conduzir de volta à essência do Evangelho.


Ótima semana a tod@s!

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