Hoje no Facebook, um internauta apresentou-me uma questão através da área de comentários numa das postagens recentes do meu perfil pessoal. Em sua fala, ele colocou o seguinte que passo a citar com correções:
"(...) entenda que esse planeta assim como outros que foram habitados também vão sumir, acabar. Acho que o senhor já se deu conta do quanto a tecnologia está acabando com os empregos. De um lado, ela leva prazer a quem a utiliza e, por outro, ela vem para dissipar milhões de emprego. E quem não se atualizar vai ficar no sub-emprego. Eu lhes pergunto, Dr. Pessoas estão a cada dia mais perdendo seus empregos. Empresários fechando as portas, os pequenos e médios então nem se falam. O que fazer, doutor, ainda mais em cidades em que a tecnologia demora mais a chegar, mas chega e, quando chega, as pessoas não estão preparadas para ela. Aí vem quem se preparou e leva o pouco que tem?"
Confesso que, há mais de duas décadas, penso a respeito disso e defendo algo que pode parecer escandaloso para uns e desnecessário para outros. Porém, sou amplamente favorável a que todos os desempregados do mundo sejam sustentados através de um programa de renda mínima que lhes permita viver dignamente. Trata-se de promover uma nova política do "pão e circo" parecido como fizeram os romanos na Antiguidade, mas com algumas modificações para os dias atuais e dentro de um novo propósito.
Como se sabe, os imperadores de Roma conseguiram conter várias revoltas sociais distribuindo comida e promovendo eventos para distrair o povo. Segundo um texto extraído do portal InfoEscola,
"(...) nos tempos de crise, em especial no tempo do Império, as autoridades acalmavam o povo com a a construção de enormes arenas, nas quais realizavam-se sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores, animais ferozes, corridas de bigas, quadrigas, acrobacias, bandas, espetáculos com palhaços, artistas de teatro e corridas de cavalo. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente no Pórtico de Minucius. Basicamente, estes "presentes" ao povo romano garantia que a plebe não morresse de fome e tampouco de aborrecimento. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada (...)" - Extraído de https://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/
Todavia, sabemos que havia críticos dessa política. O próprio texto original desta citação faz menção do poeta Décimo Júnio Juvenal, o qual viveu em Roma entre os séculos I e II da era comum, sendo ele o autor das famosas Sátiras. Para o escritor, os romanos, que antes eram tão poderosos, tornaram-se escravos de prazeres corruptores e só precisam de "pão e circo" (panem et circenses 10.81; i.e. comida e diversão).
Fato é que a política assistencial do Império Romano não pode ser vista apenas sob esses prismas sendo que, desde o século XIX, novas visões a respeito daquela época vêm sendo construídas. Pois a ajuda do governo, além de ser insuficiente para o sustento de uma família, no sentido de cobrir gastos com aluguéis, roupas e outros bens de consumo, não eliminava o descontentamento dos pobres, mas apenas diminuíam, de modo que a plebe continuava a reivindicar melhorias na área social.
Em minha visão, sou a favor da assistência estatal para quem não tem renda para o próprio sustento, porém penso ser um desperdício não incentivar o uso do tempo livre do ser humano para fins produtivos através do estudo. E aí a mudança que eu faria na adoção dessa política seria substituir o Coliseu, o Circo Máximo, os teatros, as terminas romanas, e outros espaços de sociabilidade de uso dos antigos pelas escolas do saber. Ou seja, o desempregado, no mundo da tecnologia, iria aplicar parte das horas de seu dia estudando aquilo que lhe desse prazer.
Essa ideia de um futuro com pão e livro viria de encontro ao que propôs o sociólogo italiano Domenico de Masi, autor da conhecida obra O ócio criativo (2000). Em sua monografia, ele defendeu que, com o avanço da tecnologia, o homem poderia dispor de mais tempo para atividades como o lazer, a convivência familiar, os cuidados com a saúde e investir na própria formação profissional. Logo, ao invés de laborar as oito horas diárias, o trabalhador futuro realizaria a mesma produção em três ou quatro horas.
De qualquer modo, assim como é importante a redução das horas de trabalho para o profissional estudar e cuidar mais de si, deve a assistência permitir que qualquer interessado tenha acesso à educação de maneira ilimitada, contínua e formarmos um ambiente social propício ao estudo. Pois acredito que, sem o medo de passar fome, tendo as suas necessidades básicas satisfeitas, as pessoas terão mais vontade de aprender vindo a se tornar úteis para o mundo de tecnologias no qual já estamos vivendo e que requer mão-de-obra qualificada para atuar no mercado profissional.
Quem sabe um dia os nossos políticos não se abrem para esse entendimento?!
Ótima semana a todos!
OBS: Imagem acima extraída de https://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-p%C3%A3o-e-livros-velhos-image21252981
Uma belíssima publicação!:)
ResponderExcluirBeijo
Visite-me
Obrigado pela visita, Dalila. Volte sempre!
ExcluirExcelente postagem. Com direito a uma viagem ao mundo romano
ResponderExcluirAchei fantástica a ideia das escolas do saber!
Caro Prof. Adinalzir. Fico sempre feliz com suas visitas e comentários. Confesso que a História Antiga muito me fascina e ajuda a inspirar minha utopia. Quem sabe um dia chegaremos a esse tempo de estímulo ao aprendizado?
ExcluirRiqueza de postagem. Obrigada pela partilha!:)))
ResponderExcluirBeijinhos molhados :)))
Hoje um: 👼Sonho erótico na vida de uma lésbica 💖
Olá, Vanda. Eu é que agradeço por sua visita com comentários. Beijos e volte sempre.
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