Passei preciosas horas da manhã e da tarde de ontem (18/11) no Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, situado em Rio Claro/RJ, um município vizinho a Mangaratiba. Fui lá junto com os integrantes da ONG Vida Longa e Saudável, dos quais quatro estão comigo na foto acima.
Saímos por volta das nove horas da Pousada Canaã, no bairro mangaratibense da Praia do Saco, e fizemos a pé, tanto na ida como na volta, o percurso de, aproximadamente, dois quilômetros da antiga Estrada de São João Marcos (chamada também de Estrada Imperial), entre a rodovia RJ-149 e a sede do parque onde ficam as ruínas de uma antiga cidade destruída por causa da criação de um grande lago. Trata-se da Represa de Ribeirão das Lages, construída nos anos 40 do século XX para a produção de energia elétrica e o abastecimento hídrico da cidade do Rio de Janeiro.
São João Marcos já foi uma importante cidade que, em seu apogeu, no final do século XIX, graças às riquezas do ciclo do café, chegou a ter uma população com cerca de 20.000 habitantes, tendo apresentado uma estrutura urbana de razoável expressão pra época. Isto é, teve uma Prefeitura, uma cadeia pública, um hospital, uma Igreja Matriz, escolas, teatro, cemitério, clubes associativos e esportivos. E, mesmo depois do seu despovoamento e desnecessária destruição das casas, ainda restaram as ruínas de uma época que não volta mais, sendo hoje a área explorada turisticamente dentro de um parque aberto para visitação pelo público.
Ao chegarmos no parque, conhecemos todas essas ruínas ali próximas como os restos da Igreja Matriz e da casa do capitão-mor (cargo da época colonial que correspondia ao oficial militar responsável pelo comando das tropas de Ordenança em cada cidade), conforme consta nas duas fotos anteriores. Fomos também ao Centro de Memória onde há vários objetos antigos utilizados nos séculos anteriores, assim como uma maquete da cidade e informativos sobre a História de São João Marcos.
Na oportunidade, assistimos a uma apresentação da cultura afro por ocasião da Semana da Consciência Negra, o que permitiu que prestigiássemos um importante evento que estava acontecendo ali com o intuito de valorizar a população negra cuja contribuição para a História deste país é inegável. Aliás, creio que o Rio de Janeiro foi muito feliz ao criar o feriado estadual de 20/11, no qual se homenageia o personagem histórico Zumbi dos Palmares, sendo também uma data muito importante para o combate ao racismo e a luta pela igualdade entre todos os brasileiros independentemente da cor da pele.
Diga-se de passagem que tudo aquilo que teve São João Marcos, bem como Mangaratiba e tantas outras cidades brasileiras com mais de 129 anos, deve-se essencialmente ao trabalho do negro. Pois foi a mão-de-obra escrava que edificou todas aquelas construções, as quais pude ver presencialmente. Desde a Estrada Imperial, com seus muros de pedra, até as ruínas dessas casas que restaram na antiga localidade.
OBS: O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, situado no KM 20 da Rodovia RJ 149 (Rio Claro – Mangaratiba) fica aberto de quarta à sexta-feira das 10hs às 16hs, sendo que, aos sábados e domingos, o seu funcionamento vai das 9hs às 17hs. A entrada é gratuita. Maiores informações pelo telefone: (55-21) 2233-3690 e e-mail CONTATO@SAOJOAOMARCOS.COM.BR
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