Apesar de não ser tão velhinho assim, vejo o quanto as relações trabalhistas de hoje tornaram-se bem diferentes da época em que era criança lá na década de 80 do século passado. Pois vejo que, em apenas 40 anos, quanta coisa mudou.
Houve reformas nas legislações trabalhistas e previdenciárias, porém antes tivemos a introdução de tecnologias da informação e da comunicação com a internet, além dos avanços da robótica, uma relativa melhora na qualidade de vida fazendo aumentar a longevidade das pessoas, mais conhecimento, etc. Ou seja, já não somos mais o mesmo mundo onde uma fábrica necessitava de um número muito maior de funcionários e os grandes escritórios dependiam de um imenso espaço para arquivos de documentos, com aquelas máquinas de datilografia espalhadas pelas salas, as quais viraram peças de museu de uns anos para cá.
Para surpresa de muitos, veio no final da última década uma (im)prevista pandemia através da propagação de um vírus letal que já matou mais de três milhões e cem mil pessoas no mundo, tendo sido 400 mil óbitos somente no Brasil (12,6%) do total, conforme os dados do consórcio de veículos de imprensa divulgados em 29/04/2021. E, devido a isso, milhões de trabalhadores tiveram que ficar em casa e as empresas precisaram mudar a maneira de desenvolver as suas atividades.
A meu ver, desenvolver políticas voltadas para a adaptação do trabalhador aos novos tempos tornou-se algo fundamental nos dias de hoje sendo que a tendência é que grande parte da população mundial venha a trilhar as vereadas do empreendedorismo e, sempre que for preciso, sobreviver de uma renda mínima digna paga pelo Estado.
No meu entender, foi um grave erro o governo Jair Bolsonaro, já no primeiro mês do seu mandato (janeiro de 2019), ter extinto o Ministério do Trabalho, coisa que nem o regime militar fez nos 21 anos de repressão. Sua retórica de que a gestão eficiente da coisa pública se daria pela diminuição do Estado significou, na verdade, um ataque ideológico ao trabalhador e aos direitos trabalhistas.
Há 90 anos atrás, quando Getúlio Vargas assinou o Decreto nº 19.433 para a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, com apenas 23 dias no poder, fez isso dentro da linha do projeto modernizador que defendia, o qual previa a aceleração da industrialização do país, buscando diminuir as tensões sociais causadas pela exploração do trabalhador, especialmente nos centros urbanos. E, para tanto, o seu histórico governo criou e difundiu um projeto político e ideológico de valorização do trabalho, tendo como objetivo principal a criação da figura do "cidadão-trabalhador".
Diferentemente do atual presidente, Vargas considerava essencial que a visão negativa do trabalho e a ideia de inevitabilidade da pobreza se tornassem noções superadas na sociedade brasileira, pelo que buscou criar uma visão positiva do trabalhador, considerado então o motor das mudanças sociais e econômicas que tentava empreender no país. Daí associação da ideia de trabalho à de cidadania.
Nos tempos de hoje, precisamos de um governo que valorize realmente o trabalhador e estude maneiras inteligentes de tornar as pessoas produtivas, quer estejam empregadas ou não. Pois verdade seja dita que ter carteira assinada não é a única maneira de alguém obter o sustento que sua família necessita, sendo o empreendedorismo, com amparo social, o inevitável futuro da humanidade.
Neste sentido, há que se fazer do ócio vivido por muitos na pandemia um momento de criação e reflexão do ser humano, a fim de que as pessoas possam aprender e desenvolver maneiras de ganhar dinheiro (ou de ser úteis a projetos sociais) dentro das atuais condições. Logo, cabe ao governo saber aproveitar esse momento de reinvenção, utilizando a internet como a ferramenta de comunicação adequada para a superação dos efeitos do isolamento.
Ao mesmo tempo, há que se ter grande atenção com a saúde mental do trabalhador. Pois não basta que pessoas recebam uma renda mínima, tenham acesso á internet e aos cursos profissionalizantes, sendo fundamental um acompanhamento terapêutico de quem se encontra hoje isolado já que o afastamento social, o medo, a incerteza com o futuro, o caos econômico e a mudança no ritmo das relações sociais abalam a vida de todo mundo.
Concluo este meu texto dizendo que, apesar de políticos retrógrados como o Bolsonaro, as relações de trabalho tendem a uma inevitável mudança e que, por sua vez, levam a revoluções ou reformas como aquelas que o Brasil experimentou nos anos 30 do século XX com Getúlio Vargas, acompanhando uma tendência mundial da época. Logo, acredito que assistiremos na atual década de 20 um caminhar para esse novo amanhecer.
Oi, eu de novo, Rodrigo!
ResponderExcluirHoje, dia 1º de maio, dia do trabalhador, é uma data histórica importante e muito tem acontecido ao longo dos tempos.
Nos séculos XIX e XX a máquina substituiu o Homem e assim continua, mas cada vez de forma mais refinada.
Muitos trabalhadores não têm quase direitos, mas só deveres e com o governo Bolsonaro as coisas pioraram e muito. A pandemia veio perturbar o mundo todo, mas pouco a pouco as coisas estão melhorando. As vacinas são fundamentais. Dia 05 levarei minha 1ª dose, embora eu tenha algumas intolerâncias alimentares e alergias. O médico que me acompanha, ainda ontem me disse para não desperdiçar a oportunidade, pke depois começam as pessoas com 60. Me disse para tomar no dia anterior, no próprio dia e no dia seguinte Paracetamol e não ir à escola. Evidente que vou fazer tudo direitinho.
Tenhamos esperança que melhores dias hão-de vir e que os trabalhadores terão melhores condições em todo o mundo, pois a tendência é evoluir. Retroceder não é possível.
Beijos para ambos e as melhoras de Núbia.
Olá, CEU
ExcluirHá quem diga que o homem ainda vai se fundir com a máquina...
Infelizmente, com o Bozo, só houve retrocessos. Mesmo se Lula voltar, não vai conseguir desfazer metade deles assim como Biden nos USA quanto aos feitos do Trump.
Ainda sem previsão de quando irei me vacinar mas acredito que será mês que vem.
Concordo que a tendência seja a evolução, mesmo com idas e vindas.
Abraço e volte sempre