"Em 1894, o vereador José Caetano de Oliveira (grande fazendeiro e empreendedor de Itacuruçá) começava sua luta para trazer o trem para a região. Finalmente o trem chegou, em 1911, à Itacuruçá e, em 1914, ao centro de Mangaratiba. Nesse período, o mundo começava a viver o conflito da Primeira Guerra Mundial, e o consumo de lenha aumentou consideravelmente, já que a maior parte do carvão mineral consumido no Brasil vinha da Europa e, durante a guerra, foi totalmente cortada sua exportação.
Os lavradores aproveitavam os espaços abertos com o corte de lenha e de madeira para fazer carvão e faziam o plantio da banana. Aos poucos, os bananais foram se espalhando pelas serras da região e ganhando destaque na economia mangaratibense. Grandes carregamentos desse produto chegavam às estações e paradas de trem, levados por tropas de burros, carroças e barcas. Os trens que circulavam por essa região, apelidados por “Macaquinhos”, por andarem abarrotados de bananas. Mangaratiba chegou a ser o maior produtor de banana do país.
Além da lenha, do carvão e da banana, esses trens possuíam também vagões especiais destinados para o transporte de peixes. A pesca foi uma atividade presente em todos os períodos históricos de Mangaratiba e, também ficou mais incrementada com a chegada do trem. O último vagão ficou destinado somente ao transporte de peixes, devido ao mau cheiro que exalava. Caixas de pescado de qualidade saíam da Baía de Sepetiba, via Itacuruçá, repletas de cação, linguado, namorado, corvina etc. Uma grande estrutura voltada à navegação, à pesca e ao beneficiamento de peixes foi sendo criada nessa localidade com o estabelecimento da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, da Colônia de Pesca, de antiga Escola de Pesca Darcy Vargas, das fábricas de sardinha, do Iate Clube de Itacuruçá etc.
Sobre os trilhos do trem, também chegava à região o que seria hoje a principal base econômica deste município: o turismo. Todo o litoral passou a viver a efervescência do turismo praiano. Nos finais de semana e em períodos de férias e feriados, os trens chegavam do Rio de Janeiro lotados de turistas que desembarcavam nas estações à procura das belíssimas praias e ilhas da região. Por todo o progresso e benefício que o trem trouxe a Mangaratiba, podemos considerar o ano de 1911 como um marco histórico do desenvolvimento deste município no período republicano." (Trecho do artigo da historiadora Mirian Bondim extraído do portal da Prefeitura de Mangaratiba na internet - https://www.mangaratiba.rj.gov.br/novoportal/pagina/historia.html)
No dia 03/03, publiquei em minha página do Facebook um vídeo defendendo a reativação do trem "Macaquinho" que, no passado, pelo menos até à segunda metade dos anos 70 do século XX, transportava passageiros entre o Rio de Janeiro e Mangaratiba (clique AQUI para assistir), havendo compartilhado a seguinte mensagem:
"Gravei este vídeo hoje na estação ferroviária de Santa Cruz e que estou propondo a reativação do velho trem "Macaquinho" a fim de que os moradores de Mangaratiba e Itaguaí possam ter uma outra opção de transporte até o Centro do Rio de Janeiro, bem como promover o turismo."
Depois disto, porém, fiz uma consulta à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a fim de obter informações se, no processo de renovação da concessão da Malha Sudeste à MRS Logística S/A, haveria alguma proposta neste sentido. Só que, infelizmente, o Gerente de Regulação e Outorgas Ferroviárias não me forneceu uma resposta satisfatória:
“O processo de prorrogação contratual antecipada da Concessão da Malha Sudeste, do qual é concessionária a MRS Logística S.A, encontra-se em trâmite perante a ANTT e está em fase de conclusão do Relatório Final da Audiência Pública - AP nº 07/2019. O procedimento de participação e controle social - PPCS foi encerrado em setembro de 2019 (...) Informamos que, nos estudos que foram submetidos à AP nº 07/2019 não há previsão de reativação de trem de passageiros para trecho compreendido entre Santa Cruz e Magaratiba/RJ. Como o Relatório Final está em fase de conclusão pela área técnica, inclusive com a consolidação das contribuições recebidas por todos os canais de participação social, não é possível, no momento, informar, sobre o recebimento de contribuições relativas ao transporte ferroviário de passageiros no segmento Santa Cruz-Magaratiba. Cabe ressaltar que o Relatório Final da AP nº 07/2019 será oportunamente divulgado no sítio eletrônico da ANTT.”
Embora essa questão possa parecer preclusa quanto ao processo sobre a concessão MRS, já que nem a sociedade civil e nem a Prefeitura aproveitaram as audiências públicas da ANTT para contribuir, não considero perdida a causa e defendo que todos possam abraçar essa proposta fazendo o governo federal se sensibilizar quanto à volta do trem de passageiros.
Lutemos pelo transporte de massas pois é a melhor solução urbanística para todos!
OBS: A imagem acima trata-se de um registro fotográfico de 1947, conforme extraído pela Prefeitura de Mangaratiba do acervo http://ibicuifotos.blogspot.com/
Seria uma boa. Minha mãe adorava o Macaquinho. Ela, quando criança, pegava banana no carregamento do trem e trazia pra casa.
ResponderExcluirMeu pai vendia bananadas no trem macaquinho quando ele era criança, isso na década de 50
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