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sábado, 17 de março de 2018

Nossa participação na política precisa ser sempre medida



Muito se fala na importância do cidadão interessar-se mais pela política e dela participar por meio de suas opiniões, do comparecimento às urnas nos dias de votação, da sua presença em reuniões de interesse social, dentre outras oportunidades. Porém, não vejo ninguém promovendo reflexões acerca de qual deve ser a medida dessa participação.

Meu histórico de vida chega a ser o contrário da maioria das pessoas neste país pois confesso que tenho participado até demais da política com a qual mantenho um contato direto desde os meus tempos de movimento estudantil na cidade mineira de Juiz de Fora, antes da metade dos anos 90. Foi quando disputei uma chapa para o grêmio estudantil do colégio onde estudava e integrei os quadros da União Juizforana dos Estudantes Secundaristas (UJES) como diretor de imprensa da entidade.

Recordo que as minhas atividades não se restringiram apenas às causas estudantis. Além de haver montado dezenas de grêmios nas escolas com o intuito de organizar depois uma chapa para ganhar a UJES, acabei me metendo também nas atividades partidárias a ponto de começar a atuar na campanha de candidatos já no ano de 1994. Fui também numa manifestação em Brasília escondido da família, sendo ainda menor de idade. E até numa greve de motoristas de ônibus me meti em defesa da bandeira do passe livre.

Posso dizer que, naqueles tempos, se aprendi muita coisa com a experiência, deixei de lado outros aprendizados nas aulas dos dois últimos anos do então 2º grau, hoje chamado de ensino médio. E, apesar de ter passado no vestibular, poderia ter focado melhor nos estudos, o que deve ser a principal dedicação de todos os alunos. Quer seja na educação básica ou numa instituição de ensino superior.

Hoje não mudaria nada no meu passado porque considero tudo o quanto fiz um aprendizado. Porém, caso tivesse um filho de seus 17 anos (poderia tranquilamente ter pois sou quase um coroa com 41 anos), preferiria que ele focasse nos estudos, discutisse política mais dentro de casa, passasse nos primeiros lugares do ENEN e depois se esforçasse ao máximo para se formar em algum curso de graduação, para então virar um profissional de sucesso e quem sabe ser aprovado num excelente concurso público e ter estabilidade no trabalho com uma satisfatória remuneração.

Todavia, cada ser humano segue o rumo que o seu coração e suas vontades desejam ainda que nem sempre sejamos totalmente livres para escolhermos. Erramos e acertamos na nossa caminhada, sendo que nem sempre podemos evitar os tropeços por mais conscientes que estejamos. E, dificilmente, vamos parar de errar.

Por outro lado, entendo que algumas pessoas são aptas para se envolverem mais com política do que outras pois as suas ideias e ações contribuem para o melhoramento do coletivo. Visto que não podemos pensar só em nós mesmos, um pouco de dedicação precisamos ter a fim de tirar o Brasil desse lamaçal podre de corrupção. E aí homens e mulheres precisam em algum momento assumir posições, seja participando de algum conselho gestor na sua cidade, na direção de alguma ONG, sindicato ou associação, na ocupação de um cargo público de confiança e até se candidatando nas eleições.

É nessas horas que precisamos antes de mais nada conhecer a nós mesmos para então nos disponibilizarmos a receber alguma dose de poder. Devemos fazer uma sondagem ética, emocional e comportamental para que não venhamos a ser prejudiciais à marcha evolutiva da sociedade.

Ora, jamais podemos ignorar que os maiores assediadores da humanidade estiveram muitas das vezes dentro da política. A compulsão pelo poder, que é uma vaidade, faz com que alguém acabe cometendo crimes, negue direitos, persiga pessoas e faça as piores injustiças. Sem no esquecermos de que, junto com alguns acertos, podem ocorrer gravíssimos erros de difícil reparação que, por sua vez, se propagarão durante muitos anos e até décadas.

Penso que o ser humano maduro saberá auto-limitar a sua participação nas diversas áreas da política. Seja para não prejudicar a sociedade com decisões erradas, nem atrapalhar a sua carreira profissional e/ou afetar o convívio familiar. Aliás, quanto mais equilibrada for a atuação de alguém em termos de esforços, também mais sereno será o seu trabalho à frente da coisa pública.

Para finalizar, compartilho aqui um pouco das sinceras confissões feitas a mim por homens e mulheres que um dia já ocuparam cargos eletivos ou se tornaram ativistas de alguma causa. A grande maioria se decepcionou com o meio político e alguns mais conscientes tiveram uma desilusão consigo mesmos a ponto de reconhecerem que em nada conseguiram melhorar a vida da sociedade, tendo feito mais mal do que bem.

Que neste ano de eleições não nos falte sabedoria, seja para votarmos em alguém digno de confiança ou decidirmos sobre uma eventual candidatura a cargos públicos. Pois, afinal, trata-se de algo muito sério e da mais alta responsabilidade.

2 comentários:

  1. Passando e desejando uma semana feliz.
    Kiss

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  2. Olá, vanessa. Obrigado por sua visita e comentários. Ótima semana pra você também. Tudo de bom. Bjs.

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