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sábado, 12 de outubro de 2024

Lembrando da criança que ainda existe em nós



Não posso deixar passar esse dia sem lembrar daquilo que um dia todos nós já fomos e, no fundo, ainda somos. Oficialmente, 12 de outubro é considerado um feriado nacional por razões de tradição religiosa. Boa parte da população brasileira, entretanto, comemora esta data como sendo o dia das crianças, inclusive os católicos fervorosos que são devotos de Nossa Senhora Aparecida, já que uma celebração não necessariamente exclui a outra. 

Durante os anos de minha infância, esta foi uma das datas que eu mais gostava. Isto porque era uma oportunidade para ganhar doces e presentes, assim como os recebia em dezembro (Natal) e em abril (mês do meu aniversário).

Não posso negar que eu era uma criança bem apegada aos meus brinquedos. Papai me deu uma coleção de carrinhos e havia no meu quarto um cavalinho de pano no qual eu era doido para subir nele, embora não tivesse ainda estatura suficiente. 

Além disso, passava horas soltando a minha imaginação com os bonequinhos do Playmobil. Gostava de um joguinho com peças para montar cidades cujo nome agora não me recordo.

Outra coisa que adorava fazer naqueles tempos era passear. Até meus três anos e meio ou quatro, moramos num prédio situado no Rua Comendador Martinelli, Grajaú, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ali perto ficava uma reserva florestal que, desde a década retrasada, passou a ser considerada como parque estadual. 

Fora isso, o bairro tinha (e ainda tem) uma deliciosa praça, belas casas, muitas árvores sendo que as minhas saudosas duas avós e uma bisavó, mãe da avó materna, também viviam na localidade, sendo que eu encontrava vários colegas numa vila onde era a casa da bisa na avenida Engenheiro Richard. 

Contudo, também costumávamos sair para outros pontos da cidade. Além das praias, dos teatros e dos cinemas (estes ainda não tinham se tornado templos da Igreja Universal), visitávamos os principais lugares turísticos cariocas, sendo que os meus destinos preferidos eram o Pão de Açúcar e o zoológico.

Posso dizer que foram bons tempos vivenciados com alegria durante os anos iniciais de minha vida. Uma época que nunca mais voltará e vive de alguma maneira no mundo das recordações sempre influenciado pelas distorções do nosso presente e pelos afetos.

Com as perdas da vida, inclusive a partida prematura de meu pai, e o inevitável amadurecimento posterior pelo qual todos passamos, percebi que a alegria de criança nunca esteve nos brinquedos perdidos, nas festas de aniversário ou nos passeios. Acredito que a minha criança interior mais desejasse era ter o papai e a mãe sempre juntos comigo, isto é, a presença paterna e materna, símbolos do universo infantil.

Penso que, quando nos tornamos pessoas religiosas, muitas das vezes buscamos em Deus o suprimento da ausência dos pais que tivemos durante a infância. Mesmo quando eles ainda estão vivos, todos sentimos falta daquele relacionamento original que era baseado no mais sincero e perceptível afeto, em que palavras eram ouvidas sem precisarem ser pronunciadas.

Que neste dia 12 de outubro, não nos esqueçamos  da criança que ainda vive dentro dos nossos corações, às vezes perdida no inconsciente, mas que continua fazendo parte da nossa existência.

Ótimo final de sábado a tod@s!


OBS: Foto do meu primeiro aniversário, comemorado no apartamento onde morei com meus pais no bairro Grajaú, Rio de Janeiro.

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