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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

A Quaresma para um cristão não católico mas que busca ter a mente aberta...



Lendo hoje a postagem de um irmão católico que fala da Quaresma, compartilhei na área de comentários que o nosso religare, independente da crença de cada um, pode subsistir no período do Carnaval sendo que a tradição das Cinzas, como bem ele bem explicou em seu post, nos faz lembrar da nossa finitude e que ao pó um dia tornaremos. 


Confesso que tal simbologia trás para a minha significação pessoal um sentimento de felicidade e de alegria, apesar de nunca haver tomado parte no ritual das Cinzas, por não seguir o catolicismo. Aliás, embora tenha feito a Primeira Comunhão aos 10 anos, nunca fui frequentador das missas sendo que, quatro anos mais tarde, passei a me congregar em igrejas evangélicas.


Entretanto, posso dizer que não me entristece o fim do Carnaval, ainda que a festa aqui em Mangaratiba fosse sossegada e sem o infernal barulho, como eu gostaria, pensando na minha tranquilidade. Tudo para mim tem o seu momento próprio e considero que a diversão não deveria ser entendida como algo profano, nem precisaria haver os exageros que algumas pessoas cometem, tipo os excessos de bebida, drogas, promiscuidade sexual com o risco de pegarem doenças, ou atos de violência.


No meio evangélico, a maioria das igrejas prefere demonizar o Carnaval, o que não concordo porque acaba sendo um assassinato cultural. Já meus irmãos católicos parecem conviver melhor com essa festa popular e celebram algo que é a Quaresma, seguindo tradições pós-bíblicas surgidas na história eclesiástica, por volta do século IV da era comum.


Pois bem. Apesar desse período que antecede a Páscoa não ser vivenciado da mesma maneira por todos os cristãos (uma parte dos evangélicos nem sabe de maneira exata do que se trata), tal preparação contribui para tornar as celebrações da denominada "Semana Santa" ainda mais especial. Isto porque, independente dos jejuns, das penitências e das ações de caridade promovidas no meio católico, há um direcionamento constante nas missas para os eventos da morte e da ressurreição de Jesus, fazendo com que a espera pelos dias sagrados seja acompanhada de reflexões.


Ora, se lembrarmos das narrativas dos Evangelhos, sobretudo nos relatos de Lucas, recordaremos da última viagem empreendida por Jesus com seus discípulos, subindo da Galiléia, região onde exerceu a maior parte do seu ministério, até Jerusalém, cidade onde foi julgado, condenado e martirizado. Logo, o período quaresmal é de certo modo uma caminhada de aprendizado com o Mestre e com a coletividade de irmãos, principalmente aqueles com os quais convivemos. 


Num momento tão difícil vivido pela humanidade que ainda sofre dos diversos efeitos decorrentes da pandemia, acompanhando também uma guerra fratricida entre Ucrânia e Rússia, com o fundado risco de virar um amplo conflito global, os valores ensinados por Jesus poderiam ser melhor interiorizados no decorrer das próximas semanas. E, diante das frequentes tragédias climáticas que temos presenciado no nosso país, as quais têm sido cada vez mais intensas, com a recente destruição da cidade de São Sebastião pelas chuvas torrenciais ocorridas no Carnaval, deixando um rastro de mortos, feridos e desabrigados, que tal nós brasileiros nos unirmos para ajudar essas famílias?


Evitando me alongar tanto, deixo aqui a reflexão para que os cristãos do nosso país sejam mais abertos, unidos e solidários, independente das diferenças entre as denominações eclesiásticas de cada grupo, sendo fundamental somarmos também com as pessoas de outras religiões e até com quem não professa nenhum credo específico para colocarmos em prática o mandamento máximo do AMOR.


Que vivamos semanas de proveitosas elevações éticas nos planos pessoal e coletivo! Tenham uma quarta-feira de muita luz!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Será que os fundamentalistas promoverão mais intolerância após o INFORTÚNIO da Gaviões da Fiel?!



Estou perplexo de ver como algumas pessoas que se dizem seguidoras de Cristo estão quase que festejando o triste episódio do ator que representava Jesus no desfile da Gaviões da Fiel haver passado mal no final da passagem da escola pelo Sambódromo do Anhembi.


Para mim, a agremiação que leva o mesmo nome da torcida de um dos clubes mais populares do Brasil, por coincidência o time do nosso Presidente Lula, certamente não teve intenção nenhuma de "zombar de Deus", como uns andam falando por aí, mas, sim, propagar o amor e a tolerância religiosa. Algo que, nos últimos anos, parece que tem faltado principalmente no meio daqueles que deveriam estar retornando à essência do Evangelho conciliador do nosso Senhor Jesus. 


Pois bem. Lendo o enredo da referida escola, achei muito interessante esse trecho da música que assim canta:


"Do Pai maior aprender a lição

Tirar as angústias do nosso caminho

Pra ajudar seu irmão a carregar sua cruz

Na força da fé, nunca estou sozinho"


Com toda sinceridade, pessoal, achei essa parte do samba linda. Um tremendo louvor! E o que ocorreu com o ator que encenou Jesus no desfile, a meu ver, foi obra do acaso. Algo que jamais interpretaria como um "castigo divino", inclusive por reverência ao próprio Deus. Isto porque não posso atribuir fatos infelizes do cotidiano a supostos julgamentos tomando por base a moral de um grupo religioso, ainda que seja o meu, contra a tal escola.


Enfim, acho uma pena esse fato infeliz haver ocorrido porque muitos poderão se obscurecer justamente supondo que o episódio teria sido um castigo, sem qualquer embasamento para essa afirmação. Ou seja chegariam a essas conclusões temerárias apenas porque o modo de ver o mundo apresentado pela Gaviões da Fiel diverge das suas doutrinas e interpretações restritas que fazem das Escrituras Sagradas.


Com base em minhas experiências e convicções, digo que Jesus é amor e, possivelmente, deve estar mais feliz com o enredo dessa escola de samba de São Paulo do que com muitas "igrejas" que, de uns tempos para cá, passaram até a cantar músicas para o Bolsonaro nos seus cultos, introduzindo valores de um conservadorismo político falido que de nada serve para aperfeiçoar as pessoas quanto ao caráter e, principalmente, na prática do amor ao próximo.


Que o nosso país possa encontrar mais esclarecimentos e haja discernimento contra a propagação de ideias erradas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Um milênio da transição ou da destruição?



Entre 1500 a 1200 a.C., Zoroastro, na Pérsia, propôs um novo paradigma de que o final dos tempos traria um novo mundo, de paz e felicidade. Por sua vez, os povos semitas também tinham essa visão (que inspirou seus diversos "apocalipses"), sobretudo os grupos essênios. 

Posteriormente, entre os primeiros cristãos, o milenarismo difundiu-se pela Ásia Menor e no Egito a partir do século III. Com base nas palavras do livro do Apocalipse de João de Patmos (Apocalipse 20:3–4), os seus adeptos acreditavam que, após o tempo de Satanás, o reino do Messias duraria mil anos na Terra. Tal crença, originada no messianismo judaico, supunha que, após esse período, o demônio retornaria para ser morto para sempre, quando se instauraria definitivamente o reino celeste.

Embora uma análise científica não deva ser baseada em convicções religiosas, sabemos que as crenças podem refletir percepções inconscientes acerca da realidade na qual estamos inseridos ou resultarem de estudos feitos pelo próprio homem já que a lógica jamais admitiria supostas revelações celestiais como explicações. Por isso, o que podemos considerar é que a ideia de uma "era milenial" significaria um período de transição para uma sociedade melhor, na expectativa de realização dos ideais principiológicos das velhas utopias.

Pois bem. Sendo um adulto nascido em abril de 1976, recordo dos últimos anos do segundo milênio da era comum quando, durante a pacífica década de 90, as mentes otimistas esperavam que o século XXI seria uma era de paz e de progresso universal. Porém, para a surpresa de muitos, no décimo primeiro dia do nono mês do primeiro ano, assistimos as cenas de um dos mais terríveis ataques terroristas da história. E, em pouco mais de 20 anos, estamos agora diante de uma guerra de ataque promovida pela Rússia contra um país irmão que está completando em ano agora em fevereiro.

Além disso, eleitores americanos e brasileiros, nas duas maiores democracias do mundo, levaram ao poder, por quatro anos, seres de mentalidade medieval como Trump e Bolsonaro. E, até hoje, os líderes planetários não conseguiram tomar as medidas adequadas e eficientes contra o gravíssimo problema do aquecimento global.

Por certo, a transição não se faz em linha reta. Há idas e vindas, com avanços e recuos num movimento dialético. E, após uma conquista, devemos estar preparados para eventuais retrocessos que, uma vez superados, permitirão que o progresso seja novamente retomado.

Tenho pra mim que o tão desejado reino milenial de Cristo não vá ocorrer literalmente como descreviam os antigos cristãos perseguidos por Roma e aí creio ser inútil a discussão sobre as teorias escatológicas sobre as quais os teólogos tanto debatem sem chegarem a uma conclusão. Contudo, quero esperançar que, até 2100 ou antes, sejamos capazes de frear a nossa ganância, o individualismo e a intolerância para nos tornarmos seres mais solidários.

A imagem acima, que dá a ideia sobre o homem alcançar o Reino de Deus atravessando as paredes de um grande templo, pode ser sedutora. Contudo, será o nosso esforço pela construção de um mundo melhor, experimentado nas contradições do cotidiano, que nos levará a essa evolução. Do contrário, estaremos a alimentar ideias mágicas que, simplesmente, dispensariam o aprendizado da consciência, como se bastasse Jesus voltar de maneira literal ou sermos revestidos de um novo corpo após a morte para a vida fluir com a harmonia perene do Jardim do Éden.

Enfim, para toda a humanidade, seja cristã ou não, segue o desafio desse nosso século XXI que já se aproxima do seu primeiro quartel, bem como do longo terceiro milênio de dezenas de gerações se sucedendo ao longo da história com novas tecnologias, prováveis viagens espaciais para distâncias cada vez maiores, novas descobertas científicas e mais qualidade de vida. Ou então, nós ou nossos filhos verão o fim da própria espécie e da vida no planeta.

Apesar de eventos naturais já terem causado muitas extinções em massa, não há previsão de queda de outro grande meteoro ou de uma atividade vulcânica capazes de destruir o mundo. Porém, basta o Biden ou o Putin apertar o botão vermelho que, em menos de uma hora, o mundo inteiro pegaria fogo com as explosões de diversas bombas termonucleares.

Em nossas mãos, o futuro...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

O PRIMEIRO PEDÁGIO RODOVIÁRIO DO BRASIL: Bebedouro da Barreira em Mangaratiba-RJ

 



Poucos sabem, mas essa construção acima foi parte da estrutura do local onde supõe ter sido o primeiro pedágio rodoviário do país e que pode ser visitada hoje de graça por quem se interessar. Senão, vejam o texto a seguir transcrito:


"A economia de Mangaratiba, no século XIX, estava totalmente direcionada ao porto e para a Estrada Imperial. Com 90% da produção agrícola da região escravista do Vale do Paraíba (café, açúcar, mandioca, banana e feijão) direcionada para o exterior e para alimentar a corte na capital do país, a estrada apresentava um movimento diário estimado em 70 caleças do comércio de café, além da circulação de bens de consumo de luxo das grandes fazendas (móveis, porcelanas, tecidos).

Deu-se então a primeira "privatização" de estradas da história do Brasil, através da Companhia Industrial da Estrada de Mangaratiba, com direito a pedágio sobre as carruagens, tropas e carroças que por ela transitassem, cujos sócios eram a família do Comendador Breves, com 400 ações; a família Barroso de Morais, com 650 ações, o desembargador Joaquim José Pacheco, juntamente com o Conselheiro Antonio Barbosa, o Tesouro Fluminense, com 1.500 ações e do Barão de Mauá.

Este pedágio era cobrado em uma barreira (espécie de barreira alfandegária), com uma severa tabela de preço por produtos e por muares. Em frente à barreira, foi construído um belíssimo bebedouro para matar a sede dos viajantes tropeiros e dos animais de carga. Segundo a história oral, Dom Pedro II deu água para seu cavalo neste bebedouro na inauguração dessa estrada em 1857."


Mais de um século e meio depois, a estrada que ligava Mangaratiba à antiga cidade de São João Marcos, atualmente a RJ-149, possui esse e outros atrativos que, na certa, contribuiriam para alavancar o turismo ainda pouco explorado na região. Isto porque, no roteiro, encontramos as ruínas do antigo povoado do Saco, o Mirante Imperial, parte da antiga Estrada do Atalho, a Cachoeira dos Escravos, a Fazenda da Lapa, que foi reaberta para visitação em 2022, e o Parque Arqueológico de São João Marcos, já no município vizinho de Rio Claro, além da exuberante natureza do Parque Estadual do Cunhambebe com sua Mata Atlântica preservada, da comunidade quilombola das fazendas de Santa Izabel e de Santa Justina, do caminho para Rubião com uma trilha ao final da estradinha de chão até Muriqui, e da convivência social na localidade serrana de Bela Vista, situada no território de Mangaratiba.


Desse modo, considero fundamental que parte da RJ-149, envolvendo partes de Mangaratiba e de Rio Claro, seja transformada numa Estrada-parque, conforme é previsto na legislação estadual, o que certamente será um importante ativo turístico contribuindo para preservar essa rodovia histórica.


Que tal fazermos essa ideia chegar ao conhecimento das nossas autoridades?!


Ótimo final de semana para todas e todos!


OBS: Imagem e citação extraídos de http://www.arqueologia-iab.com.br/news/view/266?fbclid=IwAR1OQhAE-5-lVxQx1qxD5RJlN9CdJfgE1-RHZ-MJXEHuobSURSt2STBDAac

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Que tal conhecermos mais sobre o nosso passado?




Estou tirando as primeiras horas da tarde deste domingo para ler o livro A Freguesia de Mangaratiba na Independência do Brasil, de autoria da historiadora Mirian Bondim, que trás esclarecedoras informações sobre Mangaratiba no episódio da emancipação política do nosso país e a relação da futura cidade com os municípios produtores de café e de alimentos no médio Paraíba. 


Muito importante sabermos sobre o passado de apoio da elite regional ruralista do Sudeste brasileiro ao movimento de Independência de D. Pedro I, assim como as tristes páginas da exploração da mão-de-obra escrava, do massacre dos tupinambás nos séculos XVI e XVII e da expulsão dos tupiniquins, cerca de 200 anos depois, no antigo aldeamento que havia no arraial de Nossa Senhora da Guia. 


Enfim, uma leitura imperdível para quem deseja compreender um pouco das relações sociais que até hoje se perpetuam de outras formas no nosso presente. Principalmente para moradores da cidade e pessoas que pesquisam sobre a região.


Numa época onde a internet domina o cotidiano das atuais gerações, é fundamental reservarmos uma parcela do nosso tempo para uma leitura instrutiva.


Ótima semana a todas e todos!