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sábado, 16 de abril de 2022

Parem de crucificar Jesus novamente!

 


"Coloquemo-nos perante o Crucificado, fonte da nossa paz, e peçamos-lhe paz do coração e paz no mundo" (Papa Francisco)


Ontem o jornalista, professor universitário e político Jean Wyllys foi duramente criticado por conservadores apenas porque, num trabalho artístico pessoal, por ele divulgado nas redes sociais de internet, representou a Paixão de Cristo através da crucificação de uma mulher índia (clique AQUI para acessar a mensagem no Facebook). Na visão deturpada dessa gente, o ex-deputado federal estaria "brincando com a fé" das pessoas.


Com muito orgulho e admiração, compartilhei em meu perfil essa postagem do Jean, a qual, certeiramente, (re)significou a Mensagem da Cruz nos nossos dias e no contexto vivido pelos brasileiros nos últimos anos, em que os primitivos habitantes desse país passaram a ser massacrados por um governo genocida pretendendo tomar as terras dos índios a fim de derrubar a Amazônia para as mineradoras acabarem com tudo. E, durante a pandemia, não poucos indígenas morreram de COVID-19 por falta de uma assistência digna do Estado brasileiro.


Compartilhar essa acertada expressão de arte, que mostra hoje a índia na cruz, representa viver de fato o Evangelho revolucionário de Jesus, quando nos posicionamos ao lado do oprimido e não do opressor! 


Por outro lado, "brincar com a fé cristã" seria alguém se omitir e não denunciar os absurdos do Bolsonaro, o qual considero um verdadeiro anticristo que, de messias, só tem o seu segundo nome. Aliás, hoje muitos dos que se dizem cristãos (e se consideram "cidadãos de bem") estão crucificando novamente Jesus quando consentem com as maldades de um desgoverno que massacra índios, mulheres, quilombolas, miseráveis e destrói a Amazônia com sua rica biodiversidade.


Seja Jean Wyllys ateu ou não, pouco me importa. Porém, a sua expressão artística significou para mim a mensagem que nós brasileiros precisamos ouvir nesse momento tão crítico. Se incomodou a alguns religiosos o fato da representação de uma mulher indígena seminua estar pregada no madeiro como se fosse Jesus, graças a Deus não tenho preconceito de gênero. E menos ainda sou contra a nudez, inclusive porque foi até com menos roupa que Jesus teria passado as suas últimas horas agonizando nesse instrumento de tortura que era a cruz, sofrendo em lugar de toda a humanidade. 


Por isso, ver ali uma mulher com seios expostos não ofende a minha fé. Trata tão somente de um desenho artístico que, como já dito, ressignifica a Mensagem da Cruz para os dias atuais, ainda que haja alguns cristãos que idolatrem crucifixos, quadros ou esculturas, a ponto de considerarem com violação do sagrado meras representações artísticas, cujo fim deve ser tão somente educativo.


Sinceramente, apenas lamento pelo obscurantismo de quem tem olhos e não vê, ouvidos e não escuta... Porém, afirmo que cada qual tem seu direito de livremente interpretar as Escrituras e a versão do outro deve ser respeitada de modo que quem ataca o Jean padece da mesma insanidade daqueles que protestaram contra a visita do Papa Francisco ao Brasil em 2013, quando foram destruir esculturas religiosas em praças públicas e alguns deles introduziram o crucifixo em seus orifícios anais.


Cristo morreu por toda a humanidade. Foi pro preso, torturado e morto pelos erros de todos. Dentro desta visão, o Calvário seria o lugar das dezenas de bilhões de seres humanos de todas as eras. Ao mesmo tempo, a cruz seria a representação do que a humanidade faz com os oprimidos, com os trabalhadores, as mulheres, os negros, os índios, as pessoas que são LGBTQIA+, os imigrantes, os de religião diferente, os líderes revolucionários. Estes foram e continuam sendo martirizados! Passam atualmente por um progroom virtual onde suas colocações são deturpadas e sofrem as mais covardes difamações.


Sendo hoje considerado por muitos cristãos, o chamado "Sábado de Aleluia", tão somente peço a todos que cultivem no íntimo a paz para que possamos promovê-la. Quer sejamos ou não religiosos, devemos agir com maior tolerância buscando desenvolver a compreensão sobre aquilo que o outro quer nos dizer.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Quarenta e seis translações completas!



"Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria". (Salmos 90:12; NVI)


Nesta terça-feira (12/04/2022) de uma semana "curta", pude completar mais uma volta em torno do Sol. Uma translação sem que o corpo saia da própria Terra...


Depois dos 40, já não curto tanto os aniversários como nos meus tempos de criança ou de adolescente, quando passava semanas ansiando por comer os deliciosos bolos de chocolate e me sentia chateado caso os adultos comprassem alguma torta de outro sabor. Aliás, adorava quando chegava o mês de abril por causa desta data, dos "ovos do Coelhinho, e também dos feriados que me proporcionavam um descanso das estressantes atividades escolares.


O tempo passou e já não somos mais os mesmos. Tenho hoje idade para ser pai e até avô, embora ainda jovem o suficiente para produzir por muitos anos coisas boas/úteis para a coletividade, através do trabalho, da participação política e da própria atuação no meio social.


Fazer avaliações inteiras de nossas vidas é sempre algo trabalhoso e inadequado para uma breve postagem nas redes de internet. Contudo, posso falar rapidamente de como foi a metade desses anos, os quais foram vividos ao lado de Núbia desde quando nos conhecemos no Carnaval de 1999.


Pois bem. A maior parte da minha existência terrestre se deu fora da casa dos pais e avós. Em meados de 1995, passei a morar sozinho e, em 2006, após sete anos de namoro, eu e Núbia nos casamos, no dia 4 de março daquele ano, num sítio da cidade serrana de Nova Friburgo.


Assim, posso dizer que a segunda metade dos meus dias foi de duro aprendizado para me tornar um trabalhador e um marido, numa escola sem paredes que é a Vida. E não demorou muito para que, estando já formado, não tivesse outro meio de comer o pão a não ser com o suor do meu rosto, precisando quase que me afastar da advocacia para depois retornar a ela.


Meu pai Francisco Carlos, com quem convivi somente em uma parte da infância, estaria hoje com seus 75 anos, caso não tivesse falecido aos 36 (uma década a menos que eu). Porém, minha mãe, a jovem mulher da foto, é hoje uma idosa que acabou de completar seus 64 anos em 04/04 do corrente.


Da geração dos avós, restou apenas o pai da mamãe, seu Georges, que completará 89 anos em maio e reside milhares de quilômetros na cidade de San José, capital da Costa Rica. E tenho também viva a segunda esposa do vovô paterno, chamada Diva, que mora em Juiz de Fora, Minas Gerais. Nascida em 1927, ela deverá alcançar em junho a mesma idade atual da rainha da Inglaterra.


Sem dúvida que ainda tenho muito o que aprender, conquistar, celebrar, desapegar, colaborar e ajudar. Há uma longa estrada a ser percorrida, bem como enfeitada com o unguento do amor fraternal e abrilhantada como um significado maior do que as realizações do momento.


Neste dia, recebi várias mensagens e ligações de parabéns, as quais agradeço, sendo que desejo muito no futuro ter algo a mais para celebrar. Porém, em todo caso, nunca podemos deixar de ser gratos pelo dom gracioso da Vida, a qual nada nos pede em troca para podermos comemorá-la, ainda que venha a nos faltar a tão importante sabedoria dita pelo salmista.


Alcançar um coração sábio certamente nos fará bem e quem sabe poderá aclarar o caminho para nos aproximarmos da verdadeira felicidade. Porém, quer saibamos ou não contar os nossos dias, eis que o dia chamado hoje sempre será um convite para toda e qualquer pessoa dignamente celebrar a Vida, como já fazem espontaneamente os bebês sem nenhuma consciência temporal.


Às criancinhas, como dizia o Mestre, o Reino dos Céus!