"Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo apenas com o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade" (José Pepe Mujica)
Nesta semana, pouco mais de vinte dias após a partida do papa Francisco, falecido em 21/04/2025, a América Latina deu o seu adeus a Pepe Mujica, o qual se despediu no dia 13 do corrente mês de maio, coincidentemente também numa data de grande importância para os brasileiros, pois foi o dia da abolição da escravatura, ocorrido há exatos 137 anos atrás (e que já foi feriado nacional).
Nenhum dois dois era brasileiro, mas tinham fortes conexões com o nosso país e algo em comum entre si. Isto é, assim como Francisco, Pepe optou por um estilo de vida simples, sendo que ele viveu de fato o socialismo que defendia.
Comecei a ouvir falar de Mujica quando ele se tornou o 40º Presidente do Uruguai, em 2010, após ter vencido o pleito eleitoral no ano anterior. Os jornais o apresentaram a mim como um ex-guerrilhero do radical Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, muito embora já se tratasse de um passado distante em sua vida.
Como verdadeiro democrata e um socialista que não ignora o poder criativo da livre iniciativa, Pepe mostrou ao mundo da esquerda latino-americana o caminho a seguir, sendo que exerceu a sua liderança com austeridade, simplicidade e coerência entre o discurso e a prática. E, de fato, a sua opção por viver numa modesta chácara nos arredores de Montevideo, bem como dirigir um automóvel Fusca ano 1987, eram expressões de um real modo de vida.
Por várias vezes esteve no Brasil como na Rio+20 (2012), quando fez seu discurso histórico naquela cimeira ambiental. E, numa certa ocasião, em agosto de 2015, estando poucos meses fora do mais elevado cargo de seu país, ministrou uma palestra para um grande público no anfiteatro da UERJ.
Mesmo após deixar a Presidência do Uruguai, Mujica ainda atuou como senador, cargo que já havia exercido anteriormente até que, nos últimos anos de vida, resolveu se recolher em sua chácara e, enfim, se ausentou do meio político para morrer distante dos holofotes da mídia.
Enfim, creio que temos muito o que aprender com esse grande político (e ser humano) que jamais deixou de ser acessível, íntegro, paciente, praticante dos seus valores e aberto à convivência com os diferentes. Alguém que encerrou a sua missão em paz e, certamente, fará muita falta.
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