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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Um chafariz histórico na minha história



Estava lendo o artigo A história esquecida do 1º barão negro do Brasil Império, senhor de mil escravos, no blogue "Saiba História", editado pelo professor Adinalzir Pereira Lamego, quando, no curso do texto, deparei-me com uma foto do histórico Palácio Amarelo. Este havia sido a antiga mansão do poderoso Barão de Guaraciaba, na cidade serrana de Petrópolis.

Tal prédio, construído no século XIX, encontra-se localizado numa praça em frente ao Palácio Imperial, no lado ímpar da rua da Imperatriz, na outra margem do rio. Na época, vários terrenos ali foram reservados para cessão aos fidalgos e empregados da Casa Real. 

Após o imóvel ter pertencido ao senhor Francisco Paulo de Almeida, o Barão de Guaraciaba, finalmente foi adquirido pela Câmara Municipal de Petrópolis, embora se dividindo  entre as funções do Executivo e do Legislativo locais durante muito tempo. E, logo após essa aquisição, a praça veio a ser ajardinada por Carlos Júlio Mayer (1897), recebendo um chafariz idealizado por Heitor Levy, chamado de "Chafariz da Águia" (1899).

Pois bem. No ano de 1984, quando eu tinha entre sete e oito anos de idade, vim com minha mãe e o irmão Thiago morar em Petrópolis. Ela chegou a alugar um apartamento num edifício próximo, na esquina com a rua Oscar Weinschenck, o qual aparece no lado esquerdo da foto a seguir, extraída da referida postagem do blogueiro.


Cursando a primeira série do antigo primário (atualmente o primeiro segmento do ensino fundamental), passava meu fim de tarde e começo das noites brincando pela vizinhança. Era muito conhecido dos moradores e funcionários do Município pois adorava ocupar o tempo livre vendendo coisas na rua. Desde os desenhos que fazia em folhas de papel A4 quanto as caixinhas de fósforo compradas num boteco por Cr$ 50,00 (cinquenta cruzeiros) cada que revendia pelo dobro do preço. E, naquele tempo, a Prefeitura funcionava justamente no Palácio Amarelo enquanto a Câmara situava-se num prédio mais moderno, também na mesma praça.

Recordo que, numa certa noite, houve um evento cultural onde era a Câmara em que saí de casa todo arrumado para assistir, salvo engano, a uma peça de teatro. Porém, logo que entrei no prédio, deparei-me com um cachorro vira-lata que veio em minha direção. Assustado, saí disparado em direção ao chafariz, em cujas águas me atirei com o medo de levar uma desagradável mordida.

Não sei se, de fato, o bicho iria mesmo me abocanhar. Só que o pavor foi tão grande que, durante a correria, não pensei em outra coisa. E, naquele momento de estresse, o chamado "segundo cérebro do corpo", por escapar totalmente ao controle da mente, liberou com antecipação aquilo que pessoas educadas só obram reservadamente num local apropriado, exceto quando estão no meio do mato.

Voltei para casa todo sujo e molhado, além de bastante envergonhado. Porém, após tomar um outro banho (dessa vez no chuveiro), fui encorajado por minha mãe para retornar ao evento, embora este já tivesse se iniciado.

Por várias semanas, o caso foi assunto na vizinhança, sendo comentado pelos porteiros do edifício e pelos funcionários dos dois prédios públicos ali da praça. Em casa mesmo, o episódio foi por várias vezes contado e recontado. Principalmente por minha mãe que, até hoje, residindo já em Brasília, lembra-se com muitos risos do inusitado fato. 

4 comentários:

  1. Olá:- Passando, lendo, e deixando a minha admiração por tão ilustre escriba.
    .
    … Menina inocente …
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    Beijinho.
    Feliz fim de semana

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    1. Olá, Silvia.

      Obrigado por sua visita e pelo incentivador comentário.

      Volte sempre!

      Beijos.

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  2. Passando para te agradecer pela referência ao meu blogue e também pelos seus comentários sempre muito colaborativos e escritos de forma impecável.
    Um forte abraço e um excelente domingo!

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    1. Caro professor Adinalzir, eu é que tenho a agradecê-lo por sua visita e comentários. Desejo-lhe uma excelente semana e tudo de de bom. Abraço.

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